Sonhos de um Anjo ( Pris Jardim) Parte 2

      
       Samara fazia as pazes pela décima vez com seu namorado, o Hiroshi. Eu fiquei com o Roger, mas essa festa definitivamente mudaria as nossas vidas.
      No hora de voltar para casa, procurei pela Sami, mas ela já havia ido embora com o seu eterno “ex”, então Roger se ofereceu para me dar uma carona, pois já era muito tarde para eu ir sozinha.

-         Roger, você está bêbado, é melhor eu ir de taxi.
-         Sozinha a esta hora? Não mesmo! Eu estou legal, não tem perigo.
         
      Fiquei em dúvida, mas era o Roger! Minhas amigas morreriam de inveja.

-         Para tudo! Como assim? Você colocou sua vida em risco só para fazer inveja para suas amigas? - perguntou Antônio.
-         Para você ver como eu era! Mas você vai deixar eu continuar a historia?
-         Tá continua...ô doideira!
     
      Eu entrei no carro com a promessa de que ele iria dirigir devagar. Mera ilusão!

-         Angel, coloca um som pra nós!
-         Cadê os Cds?
-         No porta-luvas. E aproveita pra pegar mais uma cerveja.
-         Roger, você não vai beber mais, e está correndo muito também!
-         Deixe de ser “careta” Angel! Pega logo essa cerveja.
-         Não vou pegar nada e para o carro que vou descer.
-         Relaxa gata, aqui é “piloto”! Você vai ver o que é diversão!
-         PARA LOGO ESSE CARRO!
-         Calma gata...
-         CUIDADO! O CAMINHÃO!!
-         Que camin...
      
      Roger corria tanto que não viu nada.
      Ao bater no caminhão, o carro desgovernado capotou duas vezes na pista e parou em uma árvore. O carro parecia papel amassado.
      Quando o resgate chegou ninguém acreditava que ainda estávamos vivos. O caminhoneiro gritava: “Eu não tive culpa!”. Algumas pessoas que passavam falavam: “Estes jovens de hoje não dão valor a nada, nem à própria vida!”.
      Fomos levados ao hospital mais próximo. Roger estava muito machucado, tinha várias fraturas. Eu por sorte só quebrei um braço e bati com a cabeça, fiquei aquela noite em observação no hospital.
      Meus pais, quando viram que eu estava viva, começaram a brigar comigo só para demonstrar para a enfermeira que estava no quarto que realmente se importavam comigo, mas a enfermeira foi logo dizendo:

-         Bronca agora não adianta de nada, a desgraça já está consumada. Fiquem quietos pois ela precisa descansar.”
     
      Eu sentia tanta dor que mal podia ouvir o que as pessoas falavam e apaguei.

-         Não acredito no que estou ouvindo. Agora, só falta você me dizer Angel que se tornou espírita por que não quis caminhar para a luz?
-         Toninho, vai me deixar contar ou não?
-         Tá, tá.
-         Então vamos continuar, mas vê se não fica me interrompendo a todo instante!   
         
      Não sei por quanto tempo eu dormi, mas quando acordei ouvi uma voz gostosa me chamando.

-         ...Angélica, você está bem?
-         Estou mas não posso me mexer que dói tudo!
-         É normal, o acidente foi feio, você poderia ter morrido.
-         Eu falei para o Roger não beber, mas ele não me ouviu...ESPERA, quem está aí? Eu não cosigo ver com toda essa luz.
-         Sou eu Angélica, Roberto, você não se lembra mais de mim?
-         Não...não pode ser o Roberto. Ele morreu há sete anos!
-         Sou eu sim Angel, você está sonhando e eu vim para ver como você está!
-         Eu realmente devo estar sonhando, pois só o “Beto” falava desse jeito meigo comigo.
-         Sim Angel, sou eu.
-         Você é meu anjo-da-guarda?
-         Pode-se dizer que sim.
         
      Na manhã seguinte quando acordei, mal sabia eu onde estava. Fiquei zonza por algum tempo. Aos poucos fui me lembrando de tudo, até da vizita do Beto que para mim, naquele momento, parecia mais uma alucinação. Foi quando a Sami entrou quase aos berros no quarto.

-         AMIGA! Como você está? Que susto você me deu menina!
-         Calma Sami, estou bem, um pouco zonza mas bem. E o Roger? Você sabe como ele está?
-         Amiga...o cara tá mau. Todo quebrado e ainda desacordado, os médicos dizem que não sabem quando ele vai acordar, aliás, eles não sabem como vocês sobreviveram. Angel, não sobrou nada do carro.
-         Eu não me lembro de nada Sami, só me lembro de falar para o Roger do caminhão e mais nada.
         
      Mais tarde meus pais vieram me buscar. Minha mãe chegou estérica brigando comigo, falando horrores do Roger. Fiquei tão furiosa, afinal eu já estava indo para casa enquanto ele nem sabíamos se iria ou não sobreviver. Minha mãe não parava de falar.

-         VOCÊ PODERIA ESTAR MORTA!
-         ELE ESTAVA MUITO BÊBADO!
-         VOCÊ AINDA DEFENDE ESSE DELINQUENTE?
        
      Ela falava coisas sem sentido o tempo todo. Eu ainda estava com tanta dor que coloquei meu MP3 no ouvido no último volume e a deixei falando. Ao chegar em casa fui direto para meu quarto para fugir de todo aquele falatório. Samara veio me visitar.

-         Sami, que bom que veio!
-         Angel, eu não poderia lhe deixar sozinha nesta hora.
-         Olha Sami...aconteceu um lance muito estranho comigo ontem.
-         Não me diga! Você quase morreu?
-         É sério, eu sonhei com o Beto.
-         Aquele seu amigo de infância que já morreu? O que há de estranho nisso?
-         É que pareceu tão real!
-         Foi só um sonho, afinal, o seu acidente foi igual ao dele.
-         Mas ele morreu!
-         E você está viva!

      Minha mãe entrou no quarto trazendo os remédios que eu deveria tomar e pediu para a Samara se retirar pois eu precisava descansar. Não queria que ela se fosse, mas eu estava cansada. Antes de sair ela apenas repetiu:

-         Não se esqueça. Foi só um sonho!

Continua...

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