Nossa Vidas- 4º Parte ( Pris Jardim)


Passava férias na fazenda de minha avó, mãe de minha mãe.
Cavalgava lentamente entre as pastagens admirando o por do Sol e já retornava, quando o vi em meio aquela paisagem, meu coração disparou e quase cai. Rodolfo se aproximou de mim para saber se eu estava bem.
-Senhorita, você está bem?
- Sim Obrigada!
-Deixe me apresentar, meu nome é Rodolfo, sou filho do Barão Horácio da fazenda vizinha.
-Muito prazer meu nome é Carla, sou neta da Dona Filomena.
- Como nunca há vi por aqui?
- Venho as vezes visitar a minha avó, moro em Santos, sou filha do senhor Oswaldo, ele é comerciante em Santos.
Rodolfo foi me acompanhando de volta a casa grande, no caminho conversamos muito e parecia que eu estava sonhando com aquele homem tão belo e educado.
Chegamos e ele se despediu e antes de sair combinamos de nos encontrar no dia seguinte para continuar nossa conversa, mas como o destino é ingrato tive que viajar as pressas para minha casa a mando de meu pai, não pude se quer deixar um recado.
Viajei a noite toda, quando cheguei em casa meu pai já foi dizendo, sua mãe terá que viajar para o Rio de Janeiro porque minha mãe está mal, você terá que ir com ela para ajuda-la, não posso me ausentar da cidade por esses dias, mas vou ao encontro de vocês assim que puder.
- Papai, adoro a vovó, mas por que eu? Por que não a Vanessa ou a Juliana?
- Porque Vanessa está para se formar e não pode perder o ano e Juliana de nada serviria, pois não sabe nem lavar um copo, você é moça prendada, já se formou e é você quem vai acompanhar e ajudar sua mãe.
Não disse mais nada, nem desfiz as malas, fui para o meu quarto descansar um pouco, pois a tarde já iria viajar novamente. Deitei em minha cama, mas não consegui dormir. Pensava porque não ficava em casa, depois que me formei meu pai sempre me mandava para lugares diferentes. Dizia ele que era para eu ter conhecimento das coisas, mas porque eu que sou mulher e não o Roberto, que mal sabia lidar com os negócios da família . Não questionava meu pai, mas sentia muita falta de casa e principalmente de meu irmão Marcelo, que estava noivo e se casaria em breve, queria aproveitar o pouco tempo de solteiro que lhe restava, mas não foi possível, acho mesmo que meu pai não gostava de mim.
A tarde depois do almoço embarquei com minha mãe rumo ao Rio de Janeiro, mas o Rodolfo rodeava meus pensamentos o caminho todo. Minha mãe me perguntou o porque de eu estar tão calada.
- Não é nada mamãe, só estou cansada, não tive tempo de descansar da viagem da casa da vovó Filomena.
- Isso está me parecendo mais saudade de alguma coisa do que cansaço.
Minha mãe deu um sorriso maroto e ficou esperando uma resposta.
- Ora mamãe, não é nada disso, é só cansaço mesmo.
Não disse mais nada, pois minha mãe parecia ler pensamentos e quanto mais eu falasse mais ela teria certeza de suas suspeitas.
Dava-me muito bem com a minha mãe, ela também não gostava de eu viajar tanto, mas não tinha coragem de contrariar meu pai, e estava feliz de podermos passar algum tempo juntas.
Quando chegamos ao Rio de Janeiro encontramos minha avó muito doente, meu avô estava muito preocupado e agradeceu a nossa ida.
- Não tem nada que agradecer senhor Paulo, viemos assim que recebemos sua carta.
- É muito triste não ter vocês por perto, Oswaldo não quer sair de Santos e Joana do Rio, aí ficamos longe por teimosia dupla.
Ele soltou um sorriso amarelo e nos acompanhou até nossos quartos.
- Oswaldo não vem ver a mãe?
- Ele virá semana que vem senhor Paulo, no momento não pode sair  de Santos...
- Não precisa nem terminar a frase, pois esse discurso eu conheço muito bem, pois me privei a vida toda de minha família por causa de dinheiro e hoje que não preciso mais trabalhar não tenho meu único filho comigo e minha esposa já não pode viajar por causa da doença, não sei se faria tudo do mesmo jeito hoje.

Continua...

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