Nossas Vidas- 3º Parte ( Pris Jardim)


A viagem de navio foi tranquila, sem tempestades, só algumas chuvas fortes em alto mar.
Cheguei na Itália na primavera. Nessa época do ano tem um clima agradavél, nem muito frio nem muito calor.
Vivia muito bem com minha tia, para ela a minha chegada foi a glória, pois estava doente e seus filhos não se importavam. Ela era a típica italiana, baixa, corpo robusto, pele clara, cabelos castanhos e olhos esverdeados.   Eu cuidava dela e da casa com muita alegria.
Minha vida era boa, a casa de minha tia era confortável, ela ficava em frete a um lago onde todas as tardes íamos ver o por do Sol. Ela me contava como fora sua vida na Itália, me contava sobre meu falecido tio, histórias sobre meus primo, nos entendiamos bem, ela falava um pouco de português e eu entendia um pouco de italiano, no final dava tudo certo, mas sempre me dizia:
- Carla minha filha, você é nova porque fica aqui cuidando de uma velha, você deveria ir para cidade e conhecer pessoas.
- Tia Carmela, eu amo ficar aqui e cuidar da senhora e ao mesmo tempo cuido de mim, tenho que me curar de uma doença, a pior delas, o amor.
- Minha menina, isso não se cura você poder viver mil vidas e enquanto esse amor não for vivido em sua plenitude, essa doença nunca irá se curar.
Naquela noite, quando fui me deitar, não conseguia pegar no sono, só pensava nas palavras de minha tia. Será que ela tinha razão? Será que para eu esquecer Rodolfo teria que viver aquele amor? Essas perguntas me pertubavam a cabeça e por mais que pensasse não achava meios de viver aquele amor, afinal ele estava noivo de minha irmã e até eu voltar para o Brasil ele já estaria casado. Cansada de tanto pensar resolvi dormir e esquece-lo de vez.
Alguns meses se passaram e minha tia Carmela veio a falecer,  foi triste, seus filhos cuidaram de tudo. Ela era muito querida por todos, foi uma despedida simples, mas cheia de amor. Sem ter mais um porque de ficar na Itália , resolvi voltar ao Brasil.
Escrevi aos meus pais informando o falecimento de nossa tia e avisando  da minha volta.
Nesse tempo que estive na Itália recebi poucas cartas de meus pais e sempre com poucas palavras, só perguntando sobre mim e minha tia. Pelas minhas contas Juliana já havia se casado e eu não representava mais nenhum perigo para ela ou para seu casamento.
Marquei minha viagem e duas semanas depois embarquei no navio de volta para o Brasil.
 Minha viagem de volta corria bem, o mar está calmo e não havia previsão de tempestades.
Em uma tarde tranqüila subi até o convés para ver o por do Sol e me despedir da Itália. Foi o por do Sol mais lindo que já havia visto. Parecia que o mar e o Sol eram um só, observando aquela maravilha agradeci a Deus por estar tento a oportunidade de ver aquela pintura irretocável.
Uma leve brisa tocava meu rosto, meus olhos  encheram-se de lágrimas, por estar diante daquela beleza inenarrável e por me lembrar de como conheci Rodolfo.
Foi em uma tarde assim que o conheci.

Continua...

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